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sexta-feira, janeiro 23, 2009

1º São AniVesPaulo (Brasil)

No dia 25 de Janeiro comemora-se o aniversário da cidade de Sao Paulo, a quarta maior cidade do mundo, e sem dúvida, a mais receptiva das metrópoles. São 455 anos. E em reconhecimento ao chão que queimamos nossos pneus, o tema deste 1º São AniVesPaulo será a Revolução Constitucionalista de 1932, um vespasseio pelos lugares referentes a guerra civil que mandou o Brasil para a puta que o pariu, quando 40 mil paulistas/paulistanos se uniram contra o regime ditador de Getúlio Vargas. Os paulistas esperaram pela prometida ajuda dos Estados vizinhos, o que não aconteceu. E com isso fomos rendidos pela Tropa Federalista. Entretando o objetivo democrático foi em partes revisto e no ano seguinte a Reforma aconteceu.

Então no domingo, dia 25 de Janeiro, nos encontraremos as 13h no Pátio do Colégio, onde tudo começou, e andaremos devagar pelos lugares que rememoram essa história. A partir das 15h30, temos o São AniVesPaulo Fest no SEBO 264: Rua Álvares Machado, 42 - Liberdade. Tarde de cerveja, exposição de materiais do sebo sobre a nossa cidade e rock do bom com as seguintes bandas: Sprint 77, Hitchcocks e As Cobras Malditas.

Este evento é organizado por o Scooter Club 'Os Tralhas'. Os Tralhas é um scooterclube de amigos amantes das Vespas, das Lambrettas e do estilo velha escola de andar nas ruas. Fundado em 2003 por três vespeiros da Vila Formosa - zona leste de São Paulo -, desde então o clube vem ganhando adeptos do estilo que nesse momento devem estar circulando pelo asfalto quente, viajando para o litoral paulista ou interior próximo, e frequentemente arriscando suas peles e latas no trânsito confuso da quarta maior cidade do mundo. Cinco anos depois do seu nascimento a família e os parentes Tralhas vão se reagrupando e fortalecendo o seu grande objetivo: A 'Volta Ao Mundo em 180 Vespas'.

Como curiosidade fica a lista dos géneros musicais apreciados pelos integrantes d'Os Tralas S.C.: Punk Rock, Northern Soul, Jovem-Guarda, Rockabilly, Rocksteady, Ska, Garage-punk, R & B, Psychedelic 60', Mod Revival, Surf Music, British Invasion...

Para mais informações: Os Tralhas S.S. - MySpace

Fonte: Os Tralhas S.C.

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quinta-feira, julho 17, 2008

Moonstompin' Fest2 - Brasil

Para os companheiros do Brasil (Santos) aqui fica o convite para participarem na Moonstompin' Fest2. Vários Dj's irão passar uma selecção de early reggae, ska, rocksteady e soul. A festa terá lugar no próximo Sábado, dia 19 de Julho, no C.E.S., na Av. Ana Costa, 309. O evento tem início pelas 22:00h. A entrada são R$7,00.

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terça-feira, agosto 14, 2007

Botinada! A Origem do Punk no Brasil (DVD)

Botinada narra as origens do punk rock no Brasil, sua primeira fase (1976 ? 1984) e o paradeiro de seus protagonistas. Foram 4 anos de pesquisa, 77 pessoas entrevistadas, milhares de horas nas ilhas de edição, 200 horas de vídeo e muitas imagens raras e inéditas compiladas pela primeira vez.

Foi por causa do punk que eu descobri que poderia montar uma banda, tocar e compor. Poderia basicamente qualquer coisa. Até mesmo arriscar fazer um documentário.

Resolvo então me concentrar na turbulenta chegada do movimento por aqui. Parto para a pesquisa. Começo a rastrear os entrevistáveis. Quem são? Onde estão? O que eles fazem hoje em dia? Me pego diante de uma insolúvel espécie de gincana norteado por pistas falsas. Todo o material que encontro está em condições precárias: fitas de vídeo mofadas e jornais caindo aos pedaços. Não poderia ser diferente. Vou atrás de todos os vestígios, tento juntar o máximo de material possível antes que seja tarde. Os punks me recebem muito bem. Eles transbordam emoção e sinceridade nos depoimentos. Depois de duas décadas, conseguem o distanciamento necessário pra ver toda essa história com bom humor. Os ricos detalhes permanecem num arquivo empoeirado na memória.

Botinada traz à tona essa incrível história contada pelos punks que vivenciaram de corpo, alma e jaqueta de couro essa caótica jornada. (Gastão Moreira)

Capítulos do DVD: 1. Introdução / 2. Quer saber o que é punk? / 3. Onde começou o movimento punk no Brasil? / 4. A chegada da informação / 5. Antes do punk / 6. 1977 / 7. LP's / 8. Ramones, Pistols e Cia / 9. Fitas K7 / 10. Salões punk / 11. Punk na rádio / 12. Familia / 13. Vila Carolina / 14. Primeiras bandas / 15. AI 5 / 16. Restos de Nada / 17. Condutores de Cadáver / 18. Cólera / 19. Primeiro show punk no Brasil / 20. Olhos Seco / 21. Pontos de encontro / 22. Gangues / 23. SP X ABC / 24. Bomba no Construção / 25. Grito suburbano / 26. Compacto Lixomania / 27. Show no Gallery / 28. Luso Brasileiro / 29. Matéria no Estadão / 30. Salão Beta Puc / 31. Começo do fim do mundo / 32. Dispersão / 33. Paradeiro Atual / 34. Legado Punk

Título DVD: Botinada! A Origem do Punk no Brasil
Região: 0
Legenda: Espanhol, Inglês, Português
Tipo de Audio: Dolby Digital 2.0, Dolby Digital 5.1
Extras: Trailers - Brasil anos 70 - Punk em Brasília - Censura - Cólera Olimpop - Inocentes no Gallery - Flyers - Poesia punk - Literatura punk - Invasão Rio - Cena gaúcha
Duração: 110 minutos

DVD 2 - CD

1. Oi Tudo Bem? - Garotos Podres
2. Nada - Olho Seco
3. Pânico em SP - Os Inocentes
4. Vivo na Cidade - Cólera
5. Agressão Repressão - Ratos De Porão
6. Festa Punk - Replicantes
7. O Punk Rock Não Morreu - Lixomania
8. Desemprego - Fogo Cruzado
9. Restos de Nada - Restos de Nada
10. Trabalhadores Brasileiros - Espermogramix
11. John Travolta - Ai-5
12. Bem-vindos ao Novo Mundo - Condutores de Cadáver
13. Câncer - Hino Mortal
14. Brasil (Desordem e Regresso) - Rephugos

Para mais informação dá um salto aos seguintes links: Rock Press e Americanas.com

Fonte: Americanas.com / Rock Press

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sexta-feira, maio 25, 2007

Tropel (Oi! Brasil) - Novo Disco

O novo disco dos Tropel intitulado 'Pela Glória Das Ruas' já se encontra à venda. Para aqueles que seguem o Cropnº1 devem recordar-se de uma entrevista aqui publicada o ano passado. Mais uma vez voltamos a falar desta banda, agora para anúnciar o seu último trabalho, com nove temas e alguns bónus, editado pela editora alemã 'Skins on Attack Records'.

Para mais informações acerca da banda e para ouvires alguns dos seus temas dá um salto ao Myspace dos Tropel

Recebemos esta mensagem dos Tropel acerca da notícia que aqui colocamos. Agradecemos a informação e partilhamo-la com os nossos leitores: 'Bom, vi as atualizações do Crop Nº1 e me deparei com um flyer do disco do Tropel. Gostaria de fazer uma importante ressalva, por problema de ordem pessoal com os membros da banda ainda não pudemos lançar o disco. O flyer foi feito de maneira um pouco precipitada, mas o material está pronto e só estamos esperando a prenssagem. Portanto, se puder colocar uma errata no blog, para informar seus leitores, isso será interessante para não gerar espectativas apressadas. Espero poder noticiá-lo em breve da concretização do trabalho. Muito obrigado por tudo e longa vida.'

Fonte: Tropel / Skins on Attack

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domingo, fevereiro 04, 2007

Bota Gasta - Brasil Oi!

Os Bota Gasta são uma banda brasileira praticante de um Oi! tradicional. Os seus membros já tinham passado por bandas como: Nocaute, Conexão Suburbana, Reação Proletária e Puro Impacto. Já gravaram um CD de seis temas intitulado 'Espírito do Oi!', um outro CD com 9 músicas ao vivo (ensaio) e editarão brevemente mais um CD com 12 temas. Em seguida deixo um video, com respectiva letra, ao vivo do tema 'Cidadão'.

Sábado a noite, saindo pro rolê
Botas e suspensórios, sempre estão com você
Engraxo minha bota, e boto pra quebrar
Esse sistema maldito que só quer me explorar

Sou brasileiro guerreiro lutando contra a exploração
Sou mais um suburbano que não vive de ilusão
Acabando com as injustiças que sofre um cidadão
Oi!

Sábado a noite, saindo pro rolê
Botas e suspensórios, sempre estão com você
Engraxo minha bota, e boto pra quebrar
Esse sistema maldito que só quer me explorar

Sou brasileiro guerreiro lutando contra a exploração
Sou mais um suburbano que não vive de ilusão
Acabando com as injustiças que sofre um cidadão
Oi!

Sou brasileiro guerreiro lutando contra a exploração
Sou mais um suburbano que não vive de ilusão
Acabando com as injustiças que sofre um cidadão
Oi!

Para mais informação dá um salto ao myspace e website dos Bota Gasta.

Bota Gasta - Myspace
Bota Gasta - Website

Fonte: Bota Gasta / Youtube

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domingo, fevereiro 12, 2006

Tropel (Banda Oi! Brasil) - Entrevista


1. Podias nos dar um resumo da história dos Tropel. Quem são, que som fazem, as idades e ocupações dos membros?

André: Saudações! O Tropel existe desde meados de 2001, tendo sido idealizado por André , 23 anos, trabalha em uma empresa de saúde (guit/backings) e Marcos, 27 anos, estudante de direito (voc/bat). Já havíamos tocado juntos em outras bandas e tínhamos a intenção de formar um grupo que tratasse de temas rueiros, que reproduzisse fielmente nossas vivências e levasse um som orgulhoso e pogante, influenciado por bandas de oi! e punk rock dos anos 80. Estamos em nossa 4ª formação, sempre mudando de baixistas por motivos diversos. Atualmente, o Manoel (26 anos, segurança) se encarrega das quatro cordas.

Marcos: Particularmente acho que o som do Tropel está situado entre o Oi e o Punk, bem como as letras que retratam muito de nossas vidas, mas preferimos não cair no pedantismo político, já que estamos muito mais preocupados com a emoção e com a diversão, pois somos uma banda de rock n’ roll sem compromissos com verdades absolutas.

2. Qual o material que a banda tem gravado? E como se pode arranjar esse mesmo material?

A: No final do ano de 2002 gravamos 5 músicas próprias, que deram origem a um CD-Demo, o qual foi lançado em 2003 e que recebeu boas críticas, embora não tenhamos divulgado-o muito. Este material pode ser adquirido escrevendo para o e-mail da banda. Nós temos inúmeros outros sons já finalizados além de outras composições sendo desenvolvidas, mas por falta de tempo e dinheiro ainda não realizamos outra gravação. De qualquer modo, damos preferência a fazer boas músicas, com qualidade, a sair gravando asneiras repetitivas.

M: Infelizmente, não tivemos condições de fazer uma boa promoção da demo por diversos motivos, falta de grana, tempo, mudanças na formação, e um pouco de enrolação, mas esperamos poder divulgar melhor nosso próximo material.

3. Para que tipo de público a banda está direcionada e quais as influências do vosso som?

M: Bom essa é minha opinião pessoal, vejo o Tropel como um canal de expressão de nossa poesia urbana, de nossas experiências e sentimentos, então não gosto de determinar um público alvo apesar de que isso sempre acaba acontecendo . Nas apresentações que fizemos o público era basicamente de street punks e skins, além de amigos “normais”. Nosso trabalho expressa muito da cultura punk e skinhead, então acho que o nosso público é esse.As influências variam , pois cada um tem suas preferências, particularmente bandas punks e skins, eu gosto muito das bandas européias, francesas, inglesas, suecas, finlandesas, alemãs, belgas,portuguesas, espanholas, colombianas, etc. Gosto de punk77, oi, RAC, hard core, etc. e de certa forma tudo que escuto me influencia musicalmente

A: Skinheads e street punks a sério, que apreciem um bom street rock’n oi! vibrante, desvinculado de pregações político-ideológicas, e com sentimento rueiro e patriota. Mas também simpatizantes e apreciadores da nossa música. As influência são muitas, veja algumas bandas na resposta para a pergunta 8.

4. Têm realizado muitos concertos? Como está a cena Oi! ai em Brasília. Há ou houve mais bandas originárias da vossa cidade que valha a pena o público portugês conhecer?

A: Em Brasília, não há uma cena Oi!, propriamente dita. Há alguns indivíduos ligados mais por amizade do que por qualquer outra coisa.
Em termos de bandas, existe apenas o Tropel. Houve alguns projetos que caminhavam para consolidar-se, mas que não prosseguiram. Desse modo, tocamos poucas vezes ao vivo, embora em todas elas tenhamos nos divertido bastante, e colocado as botas de muita gente para pogar e agitar! hehehe
Também, não tocamos em shows simplesmente por tocar e não dividimos o palco com bandas que não tenham a ver com nossa!

5. Qual a tendência política da banda ou dos seus integrantes, no caso de a terem?

M: Como mencionei mais acima, a banda não é uma banda política, embora todos temos nossas visões da realidade política de nosso país e do mundo, mas veja bem visão política não tem a ver com ideologia. Temos pontos de consenso, mas também divergências e isso é natural e saudável. Eu não sigo nenhuma linha ideológica, sou um livre pensador e isso me basta para viver. As ideologias só segregam. Nem esquerda nem direita, apenas OI!

A: Não sou adepto de uma tendência política que norteie todos meus pensamentos e atitudes. Obviamente não me alieno do que ocorre à minha volta, e nem deixo de me manifestar quanto ao que me circunda ou de agir contra o que me incomoda ou considero pernicioso. Mas a única bandeira que empunho e honro é a do meu país, nenhuma outra mais.

6. O que vocês conhecem de bandas ou movimento de Portugal? Existe alguma ou algumas bandas que vos agradem aqui da minha terra?

A: Tenho informações por meio de alguns zines, publicações virtuais e alguns poucos contatos. Parece-me que a cena daí é bastante polarizada entre sharps/reds de um lado, e White powers do outro, restando alguns poucos skins apartidários ou somente patriotas. De bandas, conheço e aprecio os Guarda de Ferro, Mata-Ratos, Kú de Judas, e a ClockWork Boys. Gostaria inclusive de conhecer mais a respeito, já que não há entre nossos países a barreira lingüística.

M: Bom pode parecer estranho, mas apesar de sermos duas nações tão próximas historicamente eu não conheço muita coisa de Portugal. Mas tua banda, a CLOCKWORK BOYS é muito boa, fora ela eu gosto de Guarda de Ferro, Mata Ratos e algumas outras que não me recordo no momento, desculpe-me.

7. Planos para o futuro? Têm algum projecto de gravação de novo material?

A: Nosso objetivo em curto prazo é gravar ao menos 12 sons inéditos ainda este ano, pois temos bastante material, e lançar um cd “cheio” no começo do ano que vem. Bem, o que mais uma banda pode querer além de fazer muitos shows com outros grupos que partilhem do mesmo espírito, e gravar vários discos (principalmente vinis hahaha)?!

M: Manter a banda ativa, produtiva e em evolução constante. O que nos tem faltado é estrutura para darmos passos maiores, mas isso será sanado em breve.

8. Quais as bandas brasileiras que vos agradam mais, as do passado e presente? E a nível europeu?

M: Das bandas nacionais as minhas prediletas são o Garotos Podres, Bandeira de Combate, Vírus 27, Skulls, Histeria, Kaos 64, Flicts, dentre outras. Da Europa gosto de 4 Skins, 4 Promile, Lokalmatadore, Oxymoron, Rabauken, Klasse Kriminale, Ultimo Assalto, Paris Violence, Trotskids, Reich Orgasm, Komintern Sect, Condemned 84, Combat 84, Brutal Combat, Last Resort,,Perkele, Ultima Thule, Midgard Soner, dentre muitas outras , que se eu fosse citar todas não haveria espaço.

A: Das antigas bandas da minha pátria, poderia citar Bandeira de Combate, Carbonário, Vírus 27, Contra-Ataque, Histeria, e Patriotas. Atualmente, gostava bastante da Tumulto 64, que me parece ter encerrado suas atividades, Bota Gasta e Skulls.
Das européias, os sempre clássicos Cock Sparrer, Blitz, 4-Skins, Last Resort, Condemned 84,Camera Silens, Collabos, Snix, Herberts, Exploited, Business, Decibelios, Partisans, Böhse Onkelz .
De coisas actuais, On File, Bleach Boys, Völund Smed, Charge 69, Rabauken, Ruin Bois, Templars, etc, etc, etc..

9. Além da banda têm mais alguma actividade em prol do movimento skinhead? Alguma zine ou outras bandas?

A: Tenho o projeto de um skin-zine em parceria com minha mulher, que espero ter alguma novidade para o ano que vem.

M: Bom, eu não me assumo como um skinhead, me identifico muito com vários elementos da cultura punk e skin, e a música que faço está inserida nesse universo. Eu já pensei em desenvolver um zine voltado para o punk e oi, mas eu não tenho tido muito tempo para isso. Mas talvez no futuro.

10. Querem acrescentar algo, deixar uma mensagem aos skinheads portugueses?

M: Agradeço pelo interesse por nossa banda, isso é fundamental para que continuemos nossa luta. A todos os skins, continuem a luta por liberdade, mantenham viva a chama do rock de rua, não se prendam a idéias limitadoras, sejam vocês mesmos. Escutem TROPEL, bebam cerveja, e façam algo pelo que acreditam.

A: Desejo muita força à carecada portuguesa. Sintam-se livres para contatar-nos e trocarmos idéias e materiais. Orgulho & honra aos skinheads


Fonte: Leitor do Blog

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quarta-feira, junho 29, 2005

Garotos Podres - Entrevista

Os Garotos Podres são sinónimo de mito urbano. Censura, violência, concertos caóticos e hinos proletários, fazem a história da banda Oi! mais importante e mediática do Brasil. O autor desta entrevista acompanhou a tour Ibérica dos Garotos e foi antes do concerto na Corunha que trocou algumas palavras com Mao, o vocalista da banda.

L- Para começar, como surgiu a ideia de formar a banda?
M- Bem, em 82, eu e o Mauro que está desde a formação original, a gente curtia a cena Punk do ABC e tal. Eu já tinha tocado numa banda que era o Sub Mundo que durou pouco menos de um ano, e a ideia inicial era apenas ter o que fazer num sábado à tarde. Encontrar a moçada sábado à tarde para ensaiar em alguma garagem e participar dos festivais de bandas punks que existiam na época e festival de colégio que rolava. A gente não tinha muita pretensão assim de gravar ou tocar profissionalmente ou alguma coisa assim. Então a ideia inicial era essa de ter alguma coisa que fazer sábado à tarde ensaiando com a banda.


Mao
- SP - l985

L- E na altura quais eram as vossas influências não só musicais como também sociais?
M- Então vamos lá, a principal influência da gente é o Punk-Rock do fim dos anos 70 e a Oi! music do começinho dos anos 80, que aliás é o som que a gente curte até hoje. Sob o ponto de vista político a gente estava mais integrado à cena que rolava no Brasil. A gente gostava de Punk-Rock e tal mas era o momento que a gente vivia o final da ditadura militar, a gente morava no ABC onde você tem o ressurgimento do movimento de massas que questiona a ditadura, as grandes greves dos metalúrgicos, surgimento do PT (Partido dos Trabalhadores), da CURTE, aquela coisa toda. Então, as nossas influências musicais é a Europa, basicamente a cena Punk europeia e a Oi! music também, e no Brasil esse período que é o finalzinho da ditadura militar.


São Paulo - 2000

L- Nessa época, e penso que ainda hoje, havia também muita rivalidade e violência entre gangs nos vossos concertos...
M- Infelizmente existe até hoje. Aliás ninguém sabe nem porque é que começou essas brigas... Eu acho que o Brasil infelizmente é um país bastante violento e isso acaba se reproduzindo na cena Oi! e Punk do Brasil. Todo o mundo briga com todo o mundo, em São Paulo isso. Em São Paulo acaba ficando até ruím porque acaba não rolando muitos concertos por conta disso, porque sai briga directo!

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Violência no Brasil - Imagem de Skinheads que atiraram 2 jovens de um comboio em andamento - As camisas das vítimas, que exibiam nomes de bandas de rock, como cólera e ramones teriam motivado a ação dos skinheads

L- No início vocês também tiveram músicas censuradas, como a “Johny”,”Batman”, entre outras. Porque é que isso acontecia no Brasil?
M- No Brasil havia a censura prévia. Havia um departamento da polícia federal que era o Departamento de Censura da Polícia Federal. Então qualquer música que fosse ser gravada tinha que ter aprovação da polícia para poder ser gravada. Tem algumas coisas hilariantes, por exemplo, um grupo de teatro submeteu a peça do Édipo Rei, de Sófocles, a censura federal censuraram e expediram um mandato de prisão para o cara! (risos) Para um cara da Grécia antiga...Então, nós tivemos alguns problemas com a censura, mesmo depois da ditadura, porque a censura ela continuou existindo mesmo até 88, quando a ditadura já havia acabado. Inclusive a última música censurada no Brasil foi “Batman” do nosso 2º LP. O nosso recurso em Brasília foi julgado dia 4 de Outubro, um dia antes de entrar em vigor a nova Constituição em que se abolia a censura. Quer dizer, mesmo assim eles deram um jeito de manter por mais algumas horas a música censurada. Uma coisa que é o reflexo de uma época.

L- E que diferenças notam desses dias para hoje? Só mais ao nível desse tipo de censura?
M- Tem várias coisas, por exemplo, a questão da censura: Antes você tinha a censura oficial. Agora você tem a censura oficiosa. Antes a coisa era às claras. Te colocavam um carimbo no papel censurando a música. Hoje determinadas músicas não tocam nas rádios do mesmo jeito, então acho que é uma censura mais subreptícia...

L- Mais camuflada...
M- Mais camuflada, então na época que nós iniciámos era o finzinho da ditadura militar, a repressão era maior, mas também o nível de politização da juventude era maior. Hoje não há ditadura no Brasil, mas a politização do pessoal jovem eu acho que é menor que na minha época. Na minha época todo o camarada que fosse do movimento estudantil estava engajado mesmo que de uma forma muito superficial no movimento estudantil. Quando era moleque era cara que matava a aula para ir ver greve, só que hoje a moçada não tem tanto engajamento político.

L- Falando ainda desse tempo, das bandas antigas com que começaram e com quem tocavam, continuam a dar-se e a tocar com essas bandas?

M- Sim! Até em Março houve um show muito legal, tipo a gente, Ratos de Porão, Inocentes, etc, no interior de São Paulo, num lugar ao ar livre com 5 mil pessoas, bem legal! Essas bandas punks antigas são pessoas mais ou menos da idade da gente que começaram junto com a gente, que têm mais ou menos o mesmo perfil social e tal, então a gente se dá muito bem com a moçada.

L- A nível de estúdios, material, condições para gravar, têm notado também uma grande evolução?
M- Muita! Antigamente para você gravar qualquer coisa era muito caro! Estúdio caro, a época do vinil era caro para caramba, você mandar prensar 1000 cópias em vinil... hoje essa tecnologia de áudio, de gravação, ela se tornou muito acessível. Então, no Brasil pelo menos, você tem muitos estúdios e bons pelo preço cada vez mais baixo e o CD é mais barato que o vinil cara!

L- Em relação às subculturas do Brasil? Por exemplo, em Portugal como a cena é muito pequena quase toda a gente se dá bem, sejam punks, hardcores, skins, metaleiros, etc. No Brasil também é assim? Nós temos ideia que é uma coisa mais fraccionada...
M- Sim...

L- E qual é a relação dos Garotos Podres com todas essas subculturas?

M- É assim, em São Paulo que é onde a cena é maior, você tem muitos problemas. Então por exemplo, tem pessoal que é punk em São Paulo que tem briga com o pessoal punk do ABC, que tem briga com não sei quem... tem os Carecas do Subúrbio, tem os Carecas do ABC, tem mais não sei quem, surgiu uma secção SHARP e tal... e a gente, sinceramente cara, a gente procura se manter afastado cara, porque é um pé no saco, toda a gente fica brigando com todo o mundo. Saindo de São Paulo é uma maravilha, você sai de São Paulo e vai tocar a qualquer outro sítio, mesmo interior de São Paulo, você vai tocar e tem punk, tem skin, tem cara que não é nada mas curte o som, então é outro clima. Por exemplo, em Curitiba tem pessoal que é skin, tem pessoal que é punk, ninguém briga com ninguém você entende? A gente vai tocar lá, mais de metade do público é cara que não é nada mas ninguém fica olhando feio para ninguém, quer dizer, é muito legal! Agora, em São Paulo há problemas assim grandes, problema de briga mesmo, acho que falta um pouco de politização talvez, não sei.

L- Muitos dos temas de Garotos Podres falam do proletário, dos subúrbios, da classe operária... vocês sentem que são de uma certa maneira a voz ou bandeira dessas pessoas?
M- Eu acredito que sim! Eu acho que a gente reflete um pouco o meio em que nós vivemos. Nós sempre morámos no ABC e a cena no ABC é essa. Tipo, eu agora mudei de casa, mas eu morava na esquina do Sindicato dos Metalúrgicos cara, quando tinha assembleia dos metalúrgicos eu ouvia a assembleia de dentro do meu quarto. Então isso é uma coisa que faz parte do nosso quotidiano, então acho que não podia ser diferente os temas, né?

L- Vocês já tinham estado em Portugal em 1995, a convite penso que da Fast’n’Loud...
M- Isso,isso!

L- Como é que surgiu essa relação com a Fast´n´Loud e a oportunidade de virem cá?
M- Em ’95, um gajo lá do Brasil, o Glauco Mattoso, ele tinha muito contacto com a cena Oi! do mundo inteiro, daí ele tinha contacto com o pessoal do Mata-Ratos e a gente acabou conhecendo o pessoal da Fast´n´Loud e tal e acabámos lançando, participando de algumas colectâneas aqui em Portugal, e a partir daí pintou a oportunidade de a gente fazer uma mini-tourné, 2 shows aqui em Portugal, 8 ou 10 na Alemanha e tivemos um ’95 super legal!


Garotos Podres - Alemanha - l995

L- E lançaram também o split-EP...
M- “Bebedeiras e Miudas”! Junto com Mata-Ratos.

L- E agora 9 anos depois? Notam alguma diferença aqui em Portugal?
M- O problema é que quando você vai tocar acaba ficando muito pouco tempo em cada sítio, então acaba tendo só uma impressão muito superficial dos lugares que você passa. A impressão que eu tenho... eu acho que Portugal em 9 anos... eu acho que tem uma mudança sensível. Talvez essa coisa do Euro, não é, a impressão que eu tenho, eu acho que tem um certo desenvolvimento económico... posso tar enganado. Acho essa questão também dos 30 anos da Revolução dos Cravos, quer dizer, quando nós viemos para cá eram 21 anos apenas. E Portugal começou a ir para a frente depois que se livrou do fascismo, não é? E essa coisa do Euro, eu sinto assim um clima muito interessante por causa dessa coisa, é os 30 anos da Revolução dos Cravos, é a Europa... eu não sei se estou viajando, mas é a impressão que eu tenho, tem um negócio interessante rolando. De qualquer forma, essa questão do desenvolvimento económico de Portugal, apesar de todos os portugueses reclamarem em Portugal, ela é uma coisa patente e visivel, tanto é que você tem a reversão do fluxo migratório, não é? Até à algumas décadas atrás eram os portugueses que saíam de Portugal, agora são pessoas de outros Países que vêm até aqui. Então, acho que realmente esse é um dado que talvez confirme um pouco do que estou falando.

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Garotos Poderes ao Vivo em Portugal

L- Como surgiu a ideia de fazer um tributo a Garotos Podres e posteriormente o convite para os Acromaníacos participarem?
M- Bem, aí o tributo não foi ideia nossa, foi ideia do Português, que é o antigo baterista da gente. Aí o Portugês convidou as bandas e tal, que estavam interessadas, uma delas os Acromaníacos. Os Acromaníacos eu conheço já há 2 anos, eles mandaram um cd deles, o “Qué Lête”, um cd muito bom, muito criativo,tanto é que todo o pessoal que eu mostrei o cd o pessoal adorou o cd de Acromaníacos... daí surgiu o tributo.

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L- E em relação à oportunidade de fazer a edição Europeia deste álbum através da Anti-Corpos?
M- Deixa eu ver, este cd foi o Garotos Podres que bancou inteiro, nós fizémos o papel de gravadora, o sêlo é Garotos Podres digamos assim. Daí, a gente tinha contacto com Hugo Serralha do Acromaníacos, mandámos o cd para ele, ele se interessou, entrou em contacto com a Anti-Corpos e rolou o cd! Espero que o pessoal aqui da Península, de Portugal, Galiza, Espanha e tal goste do cd novo. Garotozil de Podrezepam, medicamento de tarja preta, mas você pode conseguir mesmo sem receita! (risos)

L- Agora mudando de assunto, falando não de Garotos Podres propriamente mas do Brasil, o vosso país de origem. Qual acham que deve ser a solução para o futuro do Brasil? Uma viragem à esquerda, ideologicamente falando, dado que é com a esquerda que se identificam mais?
M- Olha, eu acho que as contradições que você tem no Brasil, que é um país que tem uma diferença social muito grande, uma desigualdade social muito grande, que você tem uma classe dominante extremamente reaccionária, eu acho que infelismente não há saída reformista no Brasil. Reformista que eu digo é tipo social-democrata, eleitoral. Eu penso que a solução para o Brasil é a solução revolucionária, não sei como ela viria. No Brasil realmente é necessário romper as estruturas e destruir o Estado, o aparelho de Estado burguês que se construiu no Brasil ao longo de séculos. Eu acho que enquanto o Brasil continuar com essa estrutura social, com essa estrutura económica, essa subordinação que tem em relação ao FMI e ao poder económico dos Estados Unidos, o Brasil está fardado a perpetuar a miséria. Então, acho que a solução para o Brasil é a revolução.

L- Sei que tens descendência galega e o Capitão Caverna descendência portuguesa...
M- Sim, o pai dele é de Trás-os-Montes...

L- Diz-vos alguma coisa virem tocar às vossas origens?
M- É legal! Nós vamos tocar em Vigo, que foi o porto de onde partiram meus avós para o Brasil!

L- Resta-me perguntar pelos vossos planos para o futuro...
M- Esperamos o ano que vem estarmos a lançar novo álbum, se possível uma nova Tour Ibérica, para tomar muitas garrafas de vinho, muitas Porcas de Murça (risos)... e é isso aí!

L- Ok, obrigado Mao!
M- Um abraço a todos!

Fonte: Dr. Rayban

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