Filmado, na sua totalidade, em
Edimburgo durante três períodos diferentes da vida de Frankie Mac. 16 Anos de Álcool transmite o desafio da consciência de um homem em busca de esperança. Durante a infância, passando pela a adolescência até à idade adulta Frankie Mac observa o mundo à sua volta a afundar-se numa espiral de álcool e violência.
Líder de um gang, onde os interesses são música, roupa e violência, Frankie considera ter um conjunto de grandes oportunidades que nunca pensou almejar. Mas serão estas verdadeiras oportunidades? Com a tomada de consciência própria da idade ele tem, finalmente, uma oportunidade para sentir o poder do verdadeiro amor e perceber o que é ter esperança!
Recomendo a todos os apreciadores de bom cinema e da cultura skinhead a visualização deste filme. Depois de lerem a história acima colocada, vou então acrescentar alguns pontos de interesse: Na realidade o filme retrata a vida (até à idade adulta) do vocalista da famosa banda Punk Rock 'The Skids'. A banda sonora vai desde o Skinhead Reggae (Skinhead Moonstomp e Skinhead a Bash Them), pasando pelo Rock, Punk (Iggy Pop) e música Celta. 16 Anos de Álcool não é um filme sobre skinheads. É um excelente filme, que ganhou uma série de prémios em festivais de cinema, que se desenrola entre os anos 60 e 80 numa cidade predominantemente operária (Edimburgo), onde tiveram origem muitas das culturas urbanas do fim do século passado, e logo é natural que a presença da cultura skinhead seja muito forte.
Fica a informação que este filme está à venda em DVD, edição com legendas em português, em lojas como a Fnac. O preço ronda os 18 euros.
Wassup Rockers - Um Western Urbano de Larry Clark
Fica aqui a crítica de 'Wassup Rockers' feita por Jorge Mourinha, no Jornal 'Público', no passado dia 23 de Abril. Não esquecer que esta review, que até não está má, é feita por um crítico 'profissional' de cinema. Este é um filme sobre um grupo de jovens hardcore punks dos subúrbios pobres de Los Angeles. O filme retrata a sua vida no seu bairro, a cena hardcore, e a visita destes jovens à zona 'rica' da cidade (Beverly Hills). Fica também a informação que este filme estará nas salas de cinema a partir do próximo dia 18 de Maio.
À partida, Wassup Rockers alarga a quarteto a controversa trilogia de filmes que o fotógrafo Larry Clark dedicara à adolescência disfuncional americana contemporânea (Kids/Míudos, Ken Park, Quem és tu?, co-dirigido com Edwrad Lachman, e Bully / Estranhas Amizades)
Mas, na realidade, é uma adenda, um complemento. Porque, ao contrário da disfuncionalidade assumida da adolescência de classe média retratada nos três anteriores, Wassup Rockers é um filme - ou melhor, dois filmes mal colados - sobre um grupo de teenagers latinos de Los angeles que já sabem quem são, o que fazem, de onde vêm, para onde vão, unidos por duas identidades comuns. Uma das identidades escolheram-na eles - o skate e o punk hardcore. Contra a outra nada podem - a sua etnia latina que, aliada à sua residência no problemático bairro de South Central e à tribo a que pertencem, os torna num gueto dentro de um gueto. E por isso, guardaram (ou agarraram-se a?) uma pureza, uma inocência que contrasta violentamente com o que os rodeia.
A primeira metade de Wassup Rockers limita-se a acompanhar, em modo quase documental, o quotidiano banl desta tribo, entre a escola, ensaios da banda hardcore a que pertencem e tardes de skate pelos passeios do bairro. É o menos interessante do filme; nada acontece, tudo se assemelha a uma repetição sem chama dos dispositivos dos filmes anteriores, complicada pela falta de jeito do elenco de não-profissionais que parece funcionar em modo de récita de grupo recreativo.
A segunda metade, no entanto, bascula Wassup Rockers num outro filme, que mostra o que acontece quando este grupo de adolescentes vai passar o dia a fazer skate na zona chique de Beverly Hills, onde são autênticos 'peixes fora de água' e a sua mera presença parece atrair as perturbações.
O que Clark encena então, de modo quase documental, é uma espécie de western urbano com ecos de Os Selvagens da Noite (The Warriors), de Philip Kaufman, onde os rapazes dão por si como 'indíos' em 'territórrio inimigo'; uma Beverly Hills onde todos são falsos, tudo é uma fachada, e a sua inocência já não tem lugar.
Ao mesmo tempo, é uma espécie de 'visita' à adolescência disfuncional dos filmes anteriores, que Clark filma aqui 'do outro lado da barricada', contrapondo-lhes a tal pureza de espírito, uma candura que os vê enfiarem-se na boca do lobo como se vivessem no melhor dos mundos. Há algo de ritual de passagem, algo também de crescimento acelerado, de passagem demasiado rápida a uma idade adulta - mas sem verdadeiramente macular essa pureza que, como o sorridente plano final do filme, se mantém resolutamente intacta mesmo na face de tudo o que aconteceu. Como quem não é capaz de fazer outra coisa que não seja resistir.
Fonte: Jornal 'Público' / Wassup Rockers
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